sábado, 12 de fevereiro de 2011

Não entendo.




Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.

Clarice Lispector

Um comentário:

  1. Muito bem... penso que é a primeira vez que venho aqui! o que li por cá gostei, bonito mesmo! A nossa mente sempre é fértil em imaginar a forma como descrever as nossas coisas para que os outro possam, assim, lerem. Vou ser seu seguidor, seja meu também.

    http://www.congulolundo.blogspot.com/
    http://www.minhalmaempoemas.blogspot.com/
    http://www.queriaserselvagem.blogspot.com/

    Um abração

    ResponderExcluir