domingo, 29 de agosto de 2010

CICATRIZES



Hoje, Domingo, dia 29 de agosto de 2010 vi algo que despertou minha atenção por um bom tempo.
Sentada na sala da minha casa, me deparo com uma cena no mínimo engraçada. Vi uma mulher, de cabelos escuros e pele clara, praticando um ritual muito feminino... Ela se depilava com cera quente no meio da sala.
Nesse momento um filme passou na minha cabeça, me lembrei que essa mulher, mãe de dois filhos, que teve como pais todos os buracos que a derrubaram,estava sofrendo.
Não. Ela não sofria da dor de todos aqueles terríveis pelos que ela retirava com uma frieza assustadora. Ela sofria de um mal que atinge 10 de cada 10 pessoas. Ela sofria de amor não correspondido.
Ou devo dizer, de um sonho não concluído?
Foi aí, que me perguntei. Até que ponto a dor que sentimos na carne se torna mínima comparada a dor da perda, da decepção, da desilusão ou ilusão.
Não precisei nem pesquisar sobre o assunto, para perceber que vai até onde, nem mesmo nós sabemos. Essa dor se instala em um músculo minúsculo, essa dor nos confundi entre Cabeça e Coração. Não sabemos em qual dos dois ela mora.
Talvez ela more nos dois.
Talvez ela more entre nossos dedos, nos fios de nosso cabelo. Na sobrancelha, nos cílios.
Não importa. De nada adianta os cientistas passarem anos pesquisando em que lugar do nosso cérebro estão os neurônios responsáveis pelas sensações e sentimentos se eles jamais irão saber como tira-los de lá.
A dor de amor é crônica. Ela não escolhe suas vitimas. Todos nós temos a nossa, e a única coisa que podemos fazer é esperar que o tempo feche as feridas e que elas cicatrizem.
Mas jamais confunda. O tempo pode cicatrizar os cortes mais profundos. Mas as cicatrizes, essas estarão sempre ali. Você pode até fazer uma plástica nas cicatrizes da pele. Mas aquelas que ficam no fundo de nossa alma, essas são para sempre!

M Pandolfi.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

SEJA BEM VINDO AO NOVO.



Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado. As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. Não espere que: devolvam algo, que reconheçam o seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir ao mesmo programa. Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal". Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo.
Nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é." Estamos em constante transformação!!!

Autor desconhecido.

domingo, 8 de agosto de 2010

EM PLENA DESORDEM



Tem dias que acordo meio insana, tem dias que eu acordo meio má.
Tem dias em que eu prefiro ouvir sussurros, mas tem dias em que eu prefiro gritar.
Tem dias em que eu quero a brisa leve, o cheiro do mar... Mas também tem dias em que tudo o que eu mais queria era um lugar pequeno com bastante barulho e um canto só pra mim, para que assim ninguém ouvisse os gritos desaforados que vinham da minha mente.
Hoje acordei sentindo que nada estava no lugar, senti como se eu estivesse deslocada. Olhei ao meu redor e vi roupas espalhadas, os brincos sem os pares e percebi que não estava em casa.
Peguei minha jaqueta, lavei os olhos e trilhei o caminho de volta. Quando abri a porta da minha suposta casa, também encontrei tudo fora do lugar. A cama desfeita, o armário um caos, o banheiro então, nem se fale.
Prendi meu cabelo,guardei os brincos e comecei pela cama, depois pelo armário, o banheiro eu deixei para depois, já era hora do almoço.
Sentei-me a mesa, tentei não reparar em nada,mas algo me tirou a atenção.
Foi ai então que eu senti uma revolta súbita, senti como se todos estivessem conspirando contra mim, quando me deparei com a mesa desfeita os pratos desordenados e os copos que ainda permaneciam no armário.
Deixei para almoçar em outro momento. Deitei-me na cama, e não parei um segundo sequer de mencionar a mim o que estava fora do lugar. Em meio a uma lista interminável, percebi que estava citando repetitivamente o meu próprio nome.
Percebi que quem estava no local errado era eu, e não o porta retrato que há um ano sempre esteve ali, o urso que de tão imóvel já faz parte de uma cena constante.
Percebi que não bastava eu dobrar as roupas ou então organizar os pratos se eu não organizasse a mim.
Levantei-me, tomei um banho desorganizado, vesti minha blusa cinza, a bota marrom e fui tentar me localizar. Fui tentar me por no lugar, encontrar o eixo. Tudo em vão. Não só dei voltas e voltas em torno do mesmo eixo, como esqueci o caminho pra voltar.
Esqueci o caminho para encontrar a porta. Então comecei a procurar uma saída, mas me deparei com várias. Entre todas aquelas portas,encontrei uma fresta, a única porta que estava aberta.
Mais curiosa do que com medo, pus a mão na maçaneta. Parei para olhar o chão,pensar se deveria entrar com o pé direito, afinal um pouco de superstição não faz mal a ninguém. Então o fiz assim. Entrei com os olhos automaticamente fechados. Depois de tantas tentativas frustradas de olhar, tomei impulso e abri os olhos.
Não havia nada, em nenhuma daquelas salas eu encontrei sequer um grão de areia, um vestígio de que alguém também já havia vivenciado aquilo,passado por ali. Não havia ninguém que pudesse me dizer o que achou do clima daqueles lugares, não havia ninguém que poderia me contar que atrás de todas aquelas paredes haviam pessoas que conseguiram abrir uma fresta,não havia ninguém para me dizer que encontrou a saída. Havia apenas eu,dentro de toda minha complexidade,havia apenas eu para dar meia volta e seguir viagem.
Até que ouvi vozes, que soavam distantes de mim e um cutucão. Então, mesmo sonolenta, me dei conta de que eu estava sim em um lugar com bastante barulho e um canto só pra mim. Dei me conta de que eu estava era dentro de mim mesma e com uma imensa vontade de que todos ouvisse os gritos desesperados de minha mente que ainda não havia encontrado a saída.
Os gritos desesperados e sem nenhum pudor dizendo que eu queria mesmo gritar,dizendo que eu queria mesmo era ser ouvida.
Mas garanto a você, acredito que isso vá demorar.

M PANDOLFI.

sábado, 7 de agosto de 2010

A VINGANÇA E A RECONCILIAÇÃO PENOSA



Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. Porque eu , que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe.


Clarice Lispector. Para não esquecer pág 108.
Extraído de alinelange.blogspot.com ;)

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

AS POSSIBILIDADES PERDIDAS



Fiquei sabendo que um poeta mineiro que eu não conhecia, chamado Emilio Moura, teria completado 100 anos neste mês de agosto, caso vivo fosse. Era amigo de outro grande poeta, Drummond. Chegaram a mim alguns versos dele, e um em especial me chamou a atenção: "Viver não dói. O que dói é a vida que não se vive".
Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade interrompida.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar. Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender. Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada. Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: se iludindo menos e vivendo mais.

MARTHA MEDEIROS

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Mais um 'Era uma vez..."



Era uma vez uma garota,era uma vez um garoto. Era uma vez,um tempo em que se podia acreditar em finais felizes, era uma vez um tempo em que se podia simplesmente ACREDITAR.
Era uma vez,alguém que acreditava que podia sim,superar a dor. Reconstruir um coração. Que podia,voltar a sorrir.
Era uma vez alguém que achou que era feliz. Era uma vez alguém que era feliz e não sabia. Era uma vez alguém que não sabia ser feliz.
Uma vez, chorando em frente ao computador, peguei papel e caneta, e comecei a descrever cada lágrima que dos meus olhos caia, cada rangida que minha boca fazia.
Uma vez rezando em minha cama,pedi a Deus que força me desse, que qualquer luz que fosse me iluminasse, que qualquer estrada se abrisse.
Uma vez de joelhos sozinha dentro de um banheiro com pouca luz, me vi pequena,vi meu interior saindo por feridas que resolveram aparecer. Vi cada tropeço se tornarem um tombo só. E que tombo!
Foi ai,que um dia eu percebi que não adiantou de nada...Não adiantou eu ter sido boa,não adiantou eu ter tentando esquecer,não adiantou apagar a luz, porque os monstros só aparecem no escuro. E ele apareceu pra mim... Não era um monstro fisicamente feio,não cheirava mal,ele também não ria de mim. Ele apenas acendeu a luz, acendeu todas as luzes da minha ‘casa’, me pegou pelo braço e me levou diante de um espelho e me disse:
“O que pretendes?”
“Aonde você vai chegar?”
Com tantas cenas ensaiadas com tantos textos decorados, eu simplesmente disse:
“Eu não sei.”
Porque eu realmente não sabia, eu não sabia como havia chegado tão longe, eu não sabia quanto tempo fazia que eu não me olhava no espelho,por quanto tempo andei no escuro. Andei no escuro, e sai do meu caminho. Andei no escuro,porque eu queria. Eu andei na escuridão,porque a luz me assustava,por que eu sabia que ao acender as luzes, eu teria que me olhar, e responder a mim mesma: Até quando?
Ainda não sei o que responder ao monstro. Mas agora o que eu sei, é o seu nome. VERDADE!
Por M. Pandolfi.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

PENHASCOS





Cabe a nós, seres minimalistas perguntarmos a nós mesmo “ Porque evitar tanto”?
Porque não fazer igual a Bella personagem de um grande Best Seller,se jogou de um penhasco apenas para sentir-se protegida por seu grande amor, que havia lhe abandonado meses antes? Teoricamente falando,não digo realmente jogar-se de cabeça de um penhasco,até porque seria isso um suicídio e não apenas uma aventura. Afinal, se pensarmos bem, nos jogamos de vários penhascos diariamente.
Quando nos apaixonamos por exemplo, nada mais suicida do que entregar-se a um estranho que provavelmente ira abandonar você depois de descobrir que você é alérgica a cerveja e abomina a idéia de torcer para o Palmeiras.
Nos jogamos de penhascos bem mais cruéis do que aquele do filme,no qual Bella é salva por um moreno alto,agraciado por belos músculos e um sorriso covardemente irresistível. Os penhasco do qual eu falo, são aqueles que não nos ferem fisicamente, mas deixam hematomas,quebram-nos membros e nos deixam dilacerados por dentro. Aqueles penhascos que destroem muito mais do que um belo rosto,ou músculos, destroem sentidos,caminhos,estradas.
Mas todo penhasco por pior que seja,por mais alto, por mais rígido,todo penhasco possui um final,o chão. Penhasco nenhum nos impede de começar de novo. Penhasco nenhum nos impede de escalar as paredes,de tomar impulso,encontrar a estrada e caminhar novamente,até encontrar outro.
Não adianta de nada mudar de rumo,trocar de tênis, ou pegar um avião... Sempre haverão penhascos, e penhascos. Não os evite, por mais que você não deseje jogar-se de cabeça, quando você menos esperar ira sentir a brisa no rosto, o braços flutuando, o frio na barriga que lhe fará pensar “Quero encontrar o chão”, e quando seu desejo for atendido quando encontrares o chão, não esqueça, saia da sombra, não deixe que as paredes aumentem. Não deixe que o medo prenda seus pés,paralise seus braços.Não cave um buraco maior,lembre-se você já esta no chão.
Você pode muito mais. Amarre o cadarço, levante a manga da camisa, e escale...Escale... E, escale. Quando deres conta já estarás no céu.

Por M. Pandolfi.